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Cair na ficção. Pintura, Cinema, TV e suas relações com a realidade

“Ver para crer” é uma máxima apoiada na idéia de que os olhos entregam a realidade objetivamente, sem os desvarios subjetivos do relato. Por isso pensamos o conhecimento mediante figuras da visão: a ignorância como “cegueira”; a verdade, como um raio de luz. Chamamos de evidente o que está exposto à vista de todos; quem entende, dizemos que percebe, e falamos do engano como ilusão.

Detras de tais metáforas ópticas, que não são lá muito novas, já que devem ter em torno de dois mil e quinhentos anos, esconde-se um sujeito que vê passar as representações dos objetos do mundo, sem se confundir com elas. Tal sujeito adquire carta de cidadania com Descartes, no século XVII. Mesma época em que Pascal pergunta: “Quem designará na Verdade e no Mundo esse ponto indivisível que a perspectiva designa na arte da pintura?”

O sonho de um ponto a partir do qual poder diferenciar o que é real do que não passa de uma aparência se manifesta de modos diversos e em diferentes lugares ao longo da história, mas ele está (sempre esteve) particularmente presente nas artes envolvidas com imágens. Falo das artes ditas “plásticas”, do cinema e da TV, passando pela fotografia. Os participantes deste módulo se propõem a debater com determinados quadros, filmes ou programas de TV, sem esquecer a observação de Hegel, de que só merecem o nome de obras de arte aquelas que conseguem responder, na própria forma, aos problemas fundamentais de seu tempo.