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Café Filosófico CPFL | Programação Março/2013

Que tempo é esse que vivemos? Entusiasmados com as novas possibilidades, mas angustiados e ameaçados pela falta de tempo, o novo parece nos atropelar e se converter em sujeito dos processos que constituem a vida, tirando de nós o comando das ações. Este tempo acelerado, que rege as mudanças na sociedade e nos indivíduos, é o pano de fundo para as diversas discussões a serem realizadas do Café Filosófico CPFL em 2013.

No primeiro módulo, com início no dia 8 próximo, os conceitos do que se conhece hoje como os sete pecados capitais e as sete virtudes serão objeto de reflexão nos meses de março e abril.

Com curadoria de Leandro Karnal, historiador e professor da Unicamp, as reflexões em torno do mesmo tema irão discutir as ações humanas sob o prisma de especialistas em diversas áreas. Além de Karnal, que abre a série no dia 8 de março, teremos, em março, o filósofo Oswaldo Giacoia e o historiador José Alves de Freitas Neto.

Versão online

O Café Filosófico CPFL é um programa produzido pela CPFL Cultura desde 2003, que mantém sua versão online no site www.cpflcultura.com.br, permitindo que qualquer pessoa conectada assista às palestras e participe dos debates pelo chat, inclusive com a possibilidade de enviar pergunta ao palestrante.

Na série são revisitados conceitos que levaram às mudanças de pensamento e atitude dos indivíduos na sociedade contemporânea, como as relações afetivas, a arte, o corpo, a evolução da família, a (des)construção dos gêneros e dos papéis masculino e feminino, o mercado de trabalho, o envelhecimento e a longevidade.As gravações do Café Filosófico CPFL, em Campinas, são sempre às sextas-feiras, às 19h, com transmissão ao vivo pelo site www.cpflcultura.com.br/aovivo.

Café Filosófico CPFL 

Módulo – Os 7 prazeres capitais – pecados e virtudes hoje

O afã de normar classificou como 7 os pecados que levam o homem à perdição. São capitais, pois pertencem à categoria de erros que geram novos erros. Eles apresentam, de muitas formas, caminhos para compreender as pessoas e seus comportamentos mais usuais.  O ciclo discute ações humanas sob o prisma de especialistas em diversas áreas. Pecar seria um desvio da nossa natureza ou a virtude em si é que nos afastaria do que somos de fato? A virtude seria a exceção e uma construção de moralistas e o pecado seria nosso “natural”?  O prazer de pecar e o afã de normar orientam este ciclo.

08/03 | sexta | 19h

O mal primordial: o orgulho nosso de cada dia. Com Leandro Karnal, historiador, doutor em História Social pela USP, professor da Unicamp e autor de diversos livros.

Um dia, o mais belo arcanjo, Lúcifer, disse Eu ao invés de Nós. Surgia o ser individual que se destacava da criação e buscava um lugar de consciência de si, onde antes só havia o coletivo da criação. Iniciava-se a história.  Na mitologia religiosa, o mensageiro do Mal preside ao pecado original da soberba e da vaidade. O mundo contemporâneo rebatizou a soberba como autoestima e a necessidade de se amar acima de tudo, como repete o mantra de quase toda a literatura que vende felicidade em drágeas nas bancas dos aeroportos.  A humildade, o recato e a modéstia passaram de virtudes a deficiências de lítio. O encontro trata do mais original e primordial de todos os pecados, o orgulho, capaz de seduzir a todos, especialmente aqueles que se consideram humílimos. De atributo maléfico,  o orgulho virou parte do mundo burguês contemporâneo. A virtude/defeito erigiu estátuas, criou biografias e deleites pessoais.  Perdida a inocência/humildade original, resta o anseio pelo Nós, rejeitado pelo pai da mentira, ou seja, pelo pai de todos nós. Filhos legítimos do individualismo orgulhoso, lutamos pela adoção de um mundo humilde e voltado ao outro, ou seja, o mundo oposto a todos nós. Apátridas,vagamos fixados na miragem do humilde modelo criado por nós, que insiste em estar além do espelho borgiano.  Parte deste Aleph pode ser encontrado ao se destrinçar o fascinante mundo do Orgulho.

15/03 | sexta | 19h

A preguiça e a melancolia. Com Oswaldo Giacoia, filósofo, professor da Unicamp.

Em nossas sociedades pós industriais contemporâneas, que padecem as primeiras dores de parto de novas formas de vida, o imperativo categórico do sucesso social por meio de performances e rendimentos mantém o ócio sob suspeita e banimento, como algo da ordem do desajuste e anormalidade, a despeito de todas as utopias que celebravam as promessas da tecnologia como a realização da fantasia de uma libertação do homem da escravidão da servidão e da necessidade, como as núpcias entre o trabalho produtivo e o lazer. Seria o caso de se pensar num papel positivo para categorias politicamente ainda descreditadas, como as diferentes modalidades de transgressivas de excesso, prodigalidade, desperdício: o não fazer nada, a total ausência de finalidade e instrumentalização, em ruptura com a exigência de consumo infinito e permanente entretenimento, como um modo inteligente e superabundante de vida, para além da escassez, da penúria e da falta, uma diligência e cuidado de si verdadeiramente dissipatório, capaz de descerrar horizontes para experiências que representassem alternativas mais ricas de subjetivação, à revelia e na contra-corrente da compulsão à produtividade, de um ideal de felicidade banalizado como bem estar, segurança, ausência de dor e sucesso social.

22/03 | sexta | 19h

Quando o muito é pouco: a avareza no mundo contemporâneo. Com José Alves de Freitas Neto, historiador, doutor pela USP, professor de História da América da Unicamp.

A proposta é discutir o fenômeno da avareza, percorrendo os fundamentos da cultura ocidental e refletindo a partir de questões da atualidade. Parte-se da cultura judaico-cristã, numa observação da avareza como pecado na tradição bíblica, debate-se o olhar da filosofia grega e a questão da justa medida como ideal ético e problematiza-se, a partir de referências literárias e culturais, as ambiguidades entre o desejo do consumo e a lógica da avareza na sociedade capitalista, perguntando-se como o ideal e a imagem da avareza transformam-se historicamente.

Local: CPFL Cultura (Rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1632, Chácara Primavera, Campinas – SP)
Entrada gratuita, por ordem de chegada, a partir das 18h.
Transmissão online em www.cpflcultura.com.br/aovivo
Informações:  (19) 3756-8000