Música

douglas braga sexteto | a pluralidade na música livre no instituto cpfl

douglas braga, músico que viveu a infância na periferia de são paulo traz a pluralidade sonora para o palco do instituto cpfl

o instituto cpfl e a série contemporânea receberam no último sábado, dia 15/06, a apresentação do douglas braga sexteto. formado por douglas braga (saxofone), josé luiz braz (clarinete), cleber almeida (percussão e bateria), marcos braga (trompete e flugelhorn) gian correa (violão de sete cordas) e beto montag (percussão), o grupo apresentou as composições que integram o disco ”música livre”! lançado pelo saxofonista em 2018.

durante a fala de abertura do espetáculo, o curador do programa de música contemporânea do instituto cpfl, joão marcos coelho, ressaltou a pluralidade que permeia os concertos da série contemporânea. segundo ele, as apresentações de 2019 conseguem aglutinar diversas inspirações sonoras em seus repertórios como o instrumental, o erudito e o popular.

joão destacou que estas características são facilmente percebidas na obra de douglas braga, músico que viveu a infância na vila brasilândia, bairro da periferia de são paulo, e que se especializou em saxofone clássico. este caminho, fez com que o saxofonista bebesse das mais variadas fontes para compor suas músicas.

o concerto iniciou com a música “delta”, de autoria de nailor proveta. a obra é dividida em 4 partes: madrugada, manhã, tarde e noite. depois, os músicos executaram “sinfonia urbana de câmara”, canção que também está dividida em 4 movimentos: corpo, mente, periferia e cidade. douglas braga afirmou que esta é uma das canções mais significativas de seu álbum, já que ela consegue transmitir muito de seus objetivos sonoros, ao passar por uma série de ritmos.

o músico explicou que se trata de uma canção que se ancora em suas vivências na cidade de são paulo. o primeiro movimento, “corpo”, se dedica ao trânsito, ao grande fluxo de pessoas e à pressa que acomete os habitante da maior metrópole do país. no segundo movimento, “mente”, há uma desaceleração, a música de inspiração oriental, explora os caminhos mais intimistas, percorrendo o pensamento e a meditação.

no terceiro movimento, “periferia”, é a vez de traduzir a vivência da infância em um bairro afastado do centro e com profusa polifonia. o músico relembrou que este período teve como principal paisagem sonora os skates e o rap.

o último movimento, “cidade”, é um encontro do jovem periférico com o centro, com a cidade em toda sua dimensão e com todas as suas possibilidades sonoras. a apresentação seguiu com paisagem sonora n.6 de autoria de rodrigo lima, compositor dedicado à música contemporânea, e uma ideia de samba, de autoria do violonista gian correa, que possui proximidade com o choro e o samba.

o encerramento ficou com a música “livres variações”, composta por douglas braga em homenagem a nailor proveta. esta peça mistura música contemporânea, com a música tradicional brasileira, apresentando nuances de villa-lobos, stravinsky e de choro. nesta obra os músicos apresentam também uma série de variações sonoras que são executadas de improviso.

para douglas braga, a liberdade composicional e as múltiplas inspirações apresentadas durante o concerto serviram de guia durante o processo de criação de seu disco, que procurou fugir de classificações estritas, preferindo se aventurar nas mais diversas vertentes sonoras.