gravação: eu não sou afrofuturista e o que isso tem a ver com máquinas que pensam, com biarritzzz
- instituto cpfl e youtube do café
- 19:00
26/10 | qui | 19h
Eu não sou afrofuturista e o que isso tem a ver com máquinas que pensam
Com biarritzzz
O trabalho transmídia EU NÃO SOU AFROFUTURISTA fala sobre ancestralidade e a sua incompatibilidade com o paradigma ocidental de progresso e seu regime crononormativo. Suas poesias, visuais, orais, escritas e musicadas, partem de referências e histórias, vividas e contadas, de sua avó, Dona Elena, sua bisavó, Dona Nenem, e sua tataravó, Maria Cordulina, de Miraíma, interior do Ceará. Essas histórias são entrelaçadas com as da família de seu avô, seu Luís, e seu tio avô, Mestre Manoel Torrado, ambos do Poço da Onça. Miraíma e Poço da Onça são territórios indígenas e quilombolas que marcam em seu chão práticas de vida e mundo aquém de onde a artista cria e recria suas memórias. No ethos da web arte, o trabalho segue as lógicas da apropriação, da colagem, do remix e do universo das produções de baixo orçamento, que na internet se tornam memes: vozes desafinadas, estéticas de faça você mesmo, gravações de dentro do guarda-roupa. Esse modus operandi vem de uma vivência geracional experienciada na espontaneidade de uma infância embebida dessas produções. A coragem de fazer musicalidade a partir de uma persona, sem partir de um horizonte de técnicas formais, tem livre referência em produções como as de Leona Assassina Vingativa, ou, mais recentemente, como MC Loma.
Nesta conversa do Café Filosófico CPFL a artista irá apresentar os fundamentos históricos e conceituais com os quais tem desenvolvido trabalhos como EU NÃO SOU AFROFUTURISTA e refletir como a obsessão por um único Futuro e a corrida pelas IAs é um problema sobre o Tempo.
> Entrada gratuita no estúdio do Café, por ordem de chegada, a partir das 18h. Rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1632, Chácara Primavera, Campinas/SP.
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Série:
Inteligência Artificial: submissão e subversão
Nesta série do Café Filosófico CPFL, quatro artistas discutem os vieses racistas da Inteligência Artificial, seus impactos nas indústrias criativas e como a arte tensiona e se apropria da tecnologia, abrindo também novos caminhos de criação artística e crítica.
O uso de inteligência artificial vem borrando as fronteiras entre a realidade e a ficção, tornando cada vez mais difícil verificar a legitimidade de fotos e vídeos. Enquanto ainda se debate a ética da manipulação digital, programas inventam imagens verossímeis, com consequências políticas e sociais imprevisíveis.
É improvável que as IAs sejam capazes de controlar nosso olhar no sentido de nos forçar fisicamente a olhar para algo. No entanto, as técnicas de visão computacional baseadas em inteligência artificial podem influenciar o que vemos, no que prestamos atenção e como moldamos a visualidade.
Essas questões apontam tanto para uma cultura visual que se expande a partir de parcerias inéditas entre humanos e máquinas, como também evidenciam os riscos de um condicionamento tal em que só enxergaremos aquilo que a visão computacional pré-determinar.