na tv: o “eu”, entre o inalcançável e o possível, com calebe guerra (especial 7° intercâmbio 2023)
- na tv cultura e no youtube do café
- 22:00
02/09 | sábado | 22h – inédito
O “eu”, entre o inalcançável e o possível
Com Calebe Guerra
Humanidade é um conceito muito discutido por sinólogos tradutores e intérpretes dos antigos clássicos chineses, justamente porque Confúcio nunca deu uma definição de conceito, pelo contrário, ela é sempre conversada em contextos de interações entre pessoas ou metáforas.
A proposta do encontro é apresentar a partir de histórias e metáforas contadas nos livros confucionistas, considerações sobre Humanidade através da arqueria (rito e esporte) como imagem da dinâmica da auto-cultivação que aperfeiçoa o outro e constrói o mundo. Usar conhecimento sobre quem era Confúcio, o que ele buscava se tornar e qual foi a ênfase de seus ensinos como modelo para pensar sobre quem somos e o que podemos nos tornar.
_____
módulo: confúcio e a nossa vida
O espírito do confucionismo tem como valor central a prática da humanidade compartilhada 仁. Tal tema é, em si, positivamente fundamental para o diálogo entre civilizações e para a construção de um modelo de ética global. Humanidade, para Confúcio, é o princípio supremo que governa a subjetividade, a auto-consciência e a auto-disciplina da moralidade.
Praticar a humanidade é ser capaz de desenhar o paralelo de como tratar os outros a partir de si mesmo, buscando, assim, o aperfeiçoamento do eu através da ajuda na cultivação de outras pessoas 成己成人. Sendo assim, a ideia do “eu” é o centro, observada somente em sua constante extensão e transformação em uma rede múltipla de relacionamentos.
A possível transformação social inflamada por atitudes individuais que cultivam a humanidade é fundamentada na crença do céu 天 e no respeito pelo mandato divino 天命, que pode ser interpretado como transcedente, definitivo e religiosamente orientado. Mas, longe de definir a vida tendo como base uma forma inflexível de determinismo estipulado pelo mandato divino, os esforços de Confúcio na auto-cultivação do “eu” advocam pela concepção da liberdade humana de escolha 志.
Confúcio, contudo, traz em sua própria pessoa frustrações comuns derivadas do dilema que o “eu” ideal em relação com o “eu” possível traz. Então, a cultivação do “eu” possível, através do aperfeiçoamento do “outro” e visando a construção do mundo regido pela humanidade 仁, evoca a necessidade da prática de uma das coisas mais elementares das relações: a sinceridade 诚信. A sinceridade sobre quem somos e onde queremos chegar levando em consideração que a impossibilidade da perfeição é o que nos sustenta no caminho da prática da humanidade.