Live: Crianças que vivem a morte e saber fazer com a perda, com Ilana Katz
- youtube do café
- 18:00
19/04 | ter | 18h | inédito
Crianças que vivem a morte e saber fazer com a perda
Com Ilana Katz, psicanalista
No curso da crise sociosanitária engendrada pela pandemia de covid-19, as crianças apontaram e denunciaram muito do que tentávamos desviar para fazer funcionar um semblante de ordenamento social, como se nos fosse possível seguir vivendo de acordo com o estabelecido antes do corte real da experiência que a pandemia promoveu. No interior das famílias e também fora delas, as crianças, com suas demandas e funcionamentos, não permitiram que sustentássemos a fantasia de que, apesar de vivermos a maior crise de saúde pública do nosso tempo, tudo seria facilmente controlado, e não precisaríamos lidar com muitas perdas em vários âmbitos da vida. A potência da infância em apontar a parcialidade das ficções sobre o viver e a consequente resistência que a infância, como fenômeno político, e também cada criança, como acontecimento, impõem à inflagem imaginária da experiência da vida, são operadores importantíssimos para que, diante da crise, possamos vislumbrar uma oportunidade para construir saídas e novas respostas nos âmbitos particular e coletivo.
Para discutir essa formulação, partiremos da problemática que se instituiu pela supressão das alternâncias entre os ambientes público e privado e a realização da centralidade que a escola assume em nossa organização social, para abordar algumas das lições que recebemos das crianças, tais como: a diversidade das experiências de infâncias e a necessidade de construção de saídas territorializadas e não universalizadas para o cuidado com a vida; as conexões possíveis e a vida digital sob a perspectiva do que aprendemos com as crianças com deficiência; a demanda pela construção de redes de cuidado e proteção social que se articulam em oposição a resposta política produzida pela segregação e a patologização das infâncias, e, finalmente, através da abordagem da experiência de luto, recolocar a irredutibilidade da perda que atravessamos individual e coletivamente para recuperarmos, junto a inventividade das crianças, algum saber que nos permita fazer algo com isso.