IVCL e ORCAMPI realizam trabalho psicossocial para formação de novos atletas
Psicóloga e assistente social coordenam as atividades com os atletas desde a iniciação até o rendimento
Cada vez mais a formação de novos valores do esporte passa pelos importantes trabalhos social e psicológico. No Instituto Vanderlei Cordeiro de Lima (IVCL), entidade parceira do Instituto CPFL, uma ação psicossocial é realizada com sucesso durante a transição dos atletas mais jovens para os grupos de treinamento de provas específicas e, posteriormente, para a equipe ORCAMPI, que funciona como uma sequência natural no aprendizado.
Mesmo durante a pandemia do Covid-19, a iniciativa segue sendo ofertada e conta com o maior grupo de jovens reunidos até hoje, 50 participantes, confirmando que a integração IVCL e ORCAMPI constrói resultados. A ideia é que todos os atletas passem por dinâmicas específicas, criadas pela psicóloga, Simone Sanches, com larga experiência na modalidade, inclusive na seleção brasileira, e pela assistente social Simone Silva.
“Até o ano passado fazíamos esse encontro com todos os atletas que estavam nesse processo de transição juntos, esse ano por conta da pandemia e necessidade do distanciamento social estamos fazendo com os grupos das provas específicas separados”, explica Simone Sanches.
Nessas reuniões são realizadas dinâmicas de integração, para que os atletas conheçam quais são os interesses de cada um fora do contexto esportivo, saberem quais são as provas do atletismo que querem seguir e quem são as referências dentro e fora das pistas. Em paralelo, atletas experientes, indicados pelos treinadores e que já passaram por esse processo, dão depoimentos para ajudar os mais jovens nesse momento de mudanças, em conversas descontraídas, facilitando a integração.
“Convidamos para participar desses encontros alguns atletas do treinamento que são destaque na equipe, pelos resultados esportivos e experiência. Eles compartilham um pouquinho das suas histórias de vida e esportiva e transmitem os seus valores, experiências, dificuldades, conquistas e aprendizados vivenciados por meio do esporte”, conta a psicóloga.
Ela ressalta que a proposta dessa interação vai além dos mais experientes passarem informações e valores importantes para quem está começando. “Eles são modelos para os mais novos, na maioria das vezes treinam juntos no mesmo espaço, mas por receio e ou timidez normalmente acabam interagindo pouco. A proposta com esses encontros é abrir esse canal de comunicação entre eles e incentivar essa troca, principalmente no dia a dia de treinamento”, complementa a assistente social Simone Silva.
“Está sendo uma oportunidade de aproximação e desses atletas mais experientes enfatizarem os cuidados que acham mais relevantes para que esses jovens possam ter uma experiência positiva e gratificante no esporte de alto rendimento e que possam explorar ao máximo as suas potencialidades, passando por questões como a importância da determinação, de buscarem a sua motivação, disciplina, pessoas para se espelharem, terem hábitos de vida saudáveis como alimentação, sono, descanso, e persistirem nos seus objetivos”, relata.
Nesse trabalho, há também a importante participação dos treinadores, tanto do IVCL quanto da ORCAMPI, ajudando a preparar os atletas, junto a essa ação psicossocial. “Vamos levantando as necessidades de intervenção, seja quando o jovem não está se identificando com as provas que está treinando e deseja mudar de grupo, quando está tendo dificuldades para conciliar o treinamento com suas outras atividades, como escola, por exemplo”, afirma Simone Sanches.
“Ou quando está tendo problemas no contexto familiar para poder permanecer no projeto, seja por questão financeira ou falta de apoio e entendimento dos parentes sobre a importância que o esporte pode ter na vida deles e o que pode agregar, como experiências, oportunidades, valores e qualidade de vida, entre outras situações que possam estar interferindo na adesão, assiduidade, motivação e planejamento desses jovens atletas”, complementa.
Relatório socioeconômico
Entender o perfil das famílias atendidas é um ponto muito importante para a equipe psicossocial, especialmente no período de pandemia. Em 2020 foi elaborado um questionário para investigar o perfil socioeconômico dos participantes e suas respectivas famílias.
“Nosso objetivo foi levantar alguns indicadores importantes relacionados às condições de moradia, configuração e renda familiar, acesso a benefícios governamentais, entre outros, possibilitando o acolhimento, intervenção e encaminhamento pelas áreas da psicologia e assistência social”, explica Simone Sanches.
O levantamento evidenciou a maneira que as famílias estão se organizando nesse momento de desafio e incertezas. “Analisando os resultados identificamos que uma porcentagem significativa dos participantes possui baixa renda. Nesse contexto, o esporte é visto como uma possibilidade de transformação social, financeira e intelectual”, avalia Simone.
Com os resultados obtidos, a equipe psicossocial mantém um monitoramento da realidade social dos jovens atendidos e de suas famílias, além de traçar planejamento, executar e avaliar o trabalho realizado.
(Fotos: Simone Sanches e Tiago Bueno/ORCAMPI)