Exposição

rodin, o escultor que despertou as estátuas de seu sono

Foto: Rodin em seu ateliê,  em Meudon, nos arredores de Paris, por volta de 1910. Por Albert Harlingue (Musée Rodin). 

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Em abril de 1994, a Folha de S.Paulo anunciava, em reportagem assinada por Daniel Piza, a chegada ao Brasil, prevista para o ano seguinte, de 65 esculturas e 20 desenhos do francês Auguste Rodin (1840- 1917), um dos artistas mais importantes da virada do século e um dos pais do modernismo na escultura.

Na época, ainda não se sabia onde as obras seriam expostas em São Paulo: o diretor do Museu Rodin (Paris), Jacques Vilain, visitava o país justamente para escolher o local. Um ano e meio depois, a Pinacoteca do Estado de São Paulo receberia, com enorme sucesso, a primeira exposição das obras de Rodin no país.

Em junho de 1995, Marcelo Coelho escreveria, no mesmo jornal, após conferir a exposição, que entre os visitantes havia um sentimento pouco habitual em museus. “Não se tratava daquela admiração respeitosa, daquela espécie de simples ‘verificação’ da existência de uma obra de arte, nem mesmo do espanto ou do maravilhamento que são de praxe nessas ocasiões”. “Tratava-se de euforia”, escreveu o colunista. “Tive uma estranha vontade de rir. As pessoas se agitavam como se fossem crianças de escola.”

Isso porque, no caso de Rodin, completou, a estátua parece estar viva; “a ilusão é tão forte, que quando a reencontramos imóvel, de certa forma oscilamos entre o riso e o susto”. Para ele, Rodin não fazia estátuas. Fazia esculturas. Ele lembrou do processo de criação do artista, que, diferentemente de seus contemporâneos, deixava os modelos andando pelo ateliê e surpreendia-os, num gesto qualquer, para poder fazer rapidamente a moldura do que tinha visto. “Rodin despertou as estátuas de seu sono”, definiu.

O texto citava o sociólogo e filósofo Georg Simmel (1858-1918), para quem as esculturas de Rodin nunca representam o “auge”, o “cume” expressivo de cada figura, mas sim momentos passageiros, como um beijo ou instantes de desespero. Segundo Simmel, Rodin havia descoberto a intemporalidade artística do movimento puro e, por isso, suas figuras parecem tender para o passado ou para o futuro.

Quase 24 anos após a primeira exposição de Rodin no Brasil, o interior paulista será o destino, também pela primeira vez, da exposição “Figura e modernidade: Rodin no acervo da Pinacoteca de São Paulo”, que reúne a coleção completa da Pinacoteca referente ao artista francês.

Com curadoria de Valéria Piccoli, o conjunto de 10 esculturas originais e 76 fotografias documentais da vida do artista será exibido gratuitamente no Instituto CPFL, em Campinas, de 20 de março a 29 de junho de 2019. Em seguida, as obras serão expostas no Fórum das Artes, em Botucatu, novo espaço cultural reformado pelo Governo de São Paulo.

A parceria entre o Instituto CPFL e a Pinacoteca se iniciou em 2012, quando ambos organizaram, em São Paulo, a exposição Gênese e Celebração, com coleção de peças tradicionais africanas. Em 2013, foi a vez da mostra 100 de anos Arte Paulista, que aconteceu na sede do Instituto CPFL, em Campinas, e apresentou ao público 50 obras de artistas atuantes entre 1912 e 2012, como Di Cavalcanti, Portinari, Pancetti e Tomie Ohtake.

“Para nós, é um imenso prazer voltar a trabalhar com a Pinacoteca, uma instituição centenária, a exemplo da CPFL Energia, em um país onde tal longevidade não é a tradição”, comenta Mário Mazzilli, diretor-superintendente do Instituto CPFL.

Instituto CPFL

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