história privada quando se torna pública, com mary del priore (versão completa)
O Brasil é um império da violência contra mulheres, afirmou a historiadora Mary del Priore durante o Café Filosófico CPFL, gravado em 11 de março de 2016. Foi o segundo encontro da série “A sexualidade como ela é”, com curadoria do escritor Fabricio Carpinejar.
Autora de “História do Corpo no Brasil”, Del Priore fez uma análise da repressão sobre os direitos da mulher ao longo do tempo. Ela lembrou que no século XIX, por exemplo, era comum o internamento de mulheres consideradas “adúlteras” em conventos.
“Com a evolução da medicina, quem passa a se ocupar da sexualidade da mulher já não é a igreja, mas os médicos”, disse.
A ideia de liberdade tem como um dos marcos a chegada da pílula anticoncepcional. Embora, lembrou a historiadora, para muitas mulheres, sobretudo mais pobres, a gravidez e a maternidade sejam ainda uma única forma de impor respeito e se “proteger” da violência masculina, a revolução sexual e os movimentos feministas proporcionaram a ampliação da participação feminina nos espaços públicos. Não sem reações, observadas ainda nos dias atuais.
Del Priore afirmou que os anos 80 foram os anos de maior violência contra a mulher no Brasil. “Teve caso noticiado em jornais de mulher que tomou três tiros porque passou a fumar e a assistir ‘Malu Mulher’”.
Já os anos 90, afirmou, foram os anos da explosão sexual no Brasil. “Tudo contribuiu para a naturalização da sexualidade da criança.”
Ela disse ver o tema da violência contra gays e mulheres com grande hipocrisia sendo debatido com “grande hipocrisia” nos dias atuais. E classificou as revistas que ensinam a agradar o marido como um “passo atrás” na revolução sexual.
“Até hoje, quando vemos mulher inteligente falando, tendemos a ofendê-la.”
Assista à íntegra do encontro:
história privada quando se torna pública, com mary del priore (versão completa) from cpfl cultura on Vimeo.
palestra gravada em 11 de março de 2016.