o poder dos afetos, com oswaldo giacóia jr. (íntegra)
O filósofo e professor da Unicamp Oswaldo Giacóia Jr. falou sobre “O poder dos afetos” no primeiro Café Filosófico CPFL sobre “O circuito dos afetos”.
Ao lado do também filósofo Vladimir Safatle, curador da série de debates, ele abordou a alegria como um afeto tônico capaz de aumentar a potência de existir e levar à virtude, tanto no plano individual quanto político.
A partir da ideia de “conatus”, de Spinoza, ele explicou que o conhecimento não é um conceito contrário dos afetos. “É o meio-termo no conflito entre as paixões. Quanto maior é a capacidade de afecção do corpo, maior é a potência. O conhecimento não elimina o corpo.”
A questão, lembrou, é que alguns encontros são encontros bons e aumentam a potência do nosso próprio corpo. Outros, o diminuem. “O que define a nossa natureza é precisamente a nossa potência. Todo encontro que nos fortalece é um encontro que nos produz alegria.”
Segundo Spinoza, há uma relação precisa entre afetos alegres e bons encontros, afetos tristes e maus encontros – e, dependendo dos objetos com os quais entramos em relação, somos afetados pela interação com esses objetos.
“Somos afetados pelo sentimento que decorre da flutuação da nossa potência: alegria, tristeza e desejo. Desejo é potência de existir. É a mola propulsora que nos leva além do conhecimento imaginário.”
Sujeito, de acordo com Spinoza, não é um indivíduo encerrado em si. É alguém capaz de perceber sua inserção na ordem da natureza. E que pode detectar o encontro útil. “Quando compreendemos os afetos de outro corpo em nosso corpo”, afirmou, “somos capazes de reconstituir a gênese da afecção alegre”.
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