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15/08 | sex | 19h | café filosófico cpfl ao vivo: Um panorama da medicalização na infância, Com Rossano Cabral Lima

É preciso entender por que transtornos como déficit de atenção ganharam o centro das preocupações dos pais, afirma especialista

O psiquiatra infanto-juvenil Rossano Cabral Lima, autor do livro “Somos Todos Desatentos?”, aborda o tema“Crianças transtornadas? A infância e a medicalização”, nesta sexta-feira, 15/08, às 19h, na CPFL Cultura, com transmissão ao vivo

Em dez anos, a importação e a produção de metilfenidato – mais conhecido como Ritalina – cresceram 373% no País. A maior disponibilidade do medicamento no mercado nacional impulsionou um aumento de 775% no consumo da droga, usada no tratamento do transtorno de déficit de atenção ehiperatividade (TDAH). Os dados, revelados recentemente pelo jornal O Estado de S.Paulo, fazem parte de uma pesquisa recete do Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

O impulso no consumo do medicamento mostra como cresceu, nesses últimos anos, a preocupação relacionada ao comportamento de jovens em idade escolar, consumidores preferenciais do medicamento.

“Os números chamam a atenção e levantam desconfianças sobre o uso exagerado da Ritalina e do diagnostico de TDAH nos dias atuais”, afirma o psiquiatra infanto-juvenil e professor-adjunto do Instituto de Medicina Social da UERJ Rossano Cabral Lima, autor do livro “Somos Todos Desatentos?”. Cabral Lima é um dos palestrantes do Café Filosófico CPFL de agosto sobre a medicalização fora de controle. Ele vai abordar o tema “Crianças transtornadas? A infância e a medicalização” às 19h, na CPFL Cultura, em Campinas, com transmissão ao vivo no site www.cpflcultura.com.br/aovivo

Segundo o especialista, a discussão não pode se basear em dados numéricos. “Há uma outra discussão que não é só quantitativa, mas qualitativa. É importante saber o que aconteceu, de 20 anos pra cá, quando esse diagnóstico e esse medicamento eram pouco utilizados e hoje, quando a criança apresenta um comportamento mais difícil, a primeira coisa que se pensa é: ‘será que ela tem TDAH?’ O que fez com que esse diagnostico ganhasse o centro das preocupações?”

Para Cabral Lima, essa mudança de percepção não acontece em razão do avanço médico e científico, mas de mudanças sociais. A busca por medicação, afirma, é o reflexo de uma ideia segundo a qual os problemas de comportamento têm origem na biologia, na genética e no cérebro. “Esses recursos medicamentosos, que atenuariam o transtorno, são atraentes. Em vez de fazer analise durante anos e ouvir que a culpa é dos pais, existe um diagnóstico objetivo, e um remédio a ele atrelado”, diz.

“Para além dessa discussão, precisamos pensar esse tipo de sociedade e a demanda por esses diagnósticos, usados hoje para explicar comportamentos que há 20 anos não seriam entendidos como patologias.”

Para o psicanalisa, é difícil distinguir quem de fato necessita de medicamento e quem apresenta inquietações leves e dispensaria o uso de Ritalina e outros medicamentos de natureza similar. “Antes de se pensar num diagnóstico, não seria melhor investigar, na escola e nas famílias, o contexto desse tipo de problema de comportamento? Hoje a possibilidade de o TDAH é a primeira preocupação. É preciso entender o porquê?”, afirma.

módulo: Medicalização fora de controle –  vivemos uma epidemia de transtornos mentais?
curadoria: Mário Eduardo Costa Pereira
tema: Crianças transtornadas? A infância e a medicalização
palestrante: Rossano Cabral Lima
local: cpfl cultura (rua jorge figueiredo corrêa, 1632, chácara primavera, campinas – sp);
data: 15 de agosto de 2014;
horário: 19h;
capacidade: café filosófico: 180 lugares;
classificação etária: 14 anos;
transmissão online pelo cpflcultura.com.br/aovivo;
entrada gratuita, por ordem de chegada, a partir das 18h. vagas limitadas;
informações: cpfl cultura  (19) 3756-8000 ou em www.cpflcultura.com.br;