versão para tv | a família contemporânea em cena: novas identidades sexuais e novos pais, com diana corso e mario corso
Acabou a era da estabilidade no casamento, casa-se com essa esperança, mas poucos estão dispostos a grandes sacrifícios para esse fim. A parentalidade e a intimidade doméstica precisaram ser reinventadas depois de retiradas dos clichês familiares nos quais repousavam. A força das famílias contemporâneas nasce de laços distantes da hierarquia e da tradição: na ficção, os pais são tidos como idiotas, mas são amados; as mães se distraem e ausentam, mas costumam ser consideradas inteligentes e atenciosas; os filhos são endemoniados, mas justos. Aos pequenos cabe construir-se através de muita fantasia, aprendendo a administrar conflitos domésticos, problemas conjugais dos pais, ausências. Desde as histórias tradicionais de crianças que se fizeram sozinhas como as garotas de O Jardim secreto e Matilda, até o irreverente menino de Onde vivem os monstros, elas tiraram forças para seguir adiante a partir da capacidade de fantasiar e brincar. As grandes elaborações infantis ocorrem num território que percorre paisagens como o País das Maravilhas, a Terra do Nunca e o quarto de brinquedos de Toy Story. Entre esses recursos de criatividade e magia, o humor, que chegou até mesmo a transformar os clássicos contos de fadas, é a grande estrela, através da qual a autoridade parental é invocada e contestada ao mesmo tempo.