dizer que o capitalismo é um circuito de afetos significa dizer, entre outras coisas, que não se deseja da mesma forma dentro e fora do capitalismo, assim como não se sofre, nem se é afetado da mesma forma. o capitalismo alimenta um certo ritmo de nossos desejos, uma certa gramática das formas de sofrer que se naturalizou em nosso sistema de afecções. neste sentido, falar em circuito de afetos implica discutir a maneira com que nossa coesão social e nossa adesão a formas de vida são construída através da modalidade com que corpos são afetados por outros corpos, fantasias circulam entre indivíduos e sensibilidades são sujeitadas.
uma crítica social atenta a natureza dos circuitos de afetos irá se perguntar então sobre como podemos ser afetados de outra forma, desejar de outra forma e sofrer de outra forma. nunca seremos capazes de criar novas formas sociais se continuarmos presos aos mesmos afetos de sempre, aos mesmos corpos com seus movimentos e velocidades. por isto, a crítica deve saber como articular experiência social e dinâmica subjetiva.
este ciclo de palestras procura abordar tais questões a partir de uma articulação cruzada entre psicanálise, filosofia e teoria social. ele parte da defesa de que precisamos de novas formas de crítica e procura começar a pensar a partir deste desafio.
gravado em setembro de 2015.
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