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mal estar: sofrimento e sintoma

com curadoria de christian dunker.

freud propôs a expressão mal estar na civilização para descrever as diferentes situações de impasse que nos fazem sofrer: o declínio natural do corpo, a imperfeição de nossas leis e as exigências internas de satisfação. o mal estar não se revela uma situação passageira ou contingente, mas uma espécie de condição que temos que aceitar para existirmos, juntos neste mesmo mundo. a pergunta que rege este módulo é saber quais são os limites do sofrimento que devemos suportar e aceitar e quando é preciso agir para mudar o mundo ou para transformamos a nós mesmos? outra maneira de discutir este problema é observar como nossos sintomas, codificados, como a depressão, a ansiedade, a anorexia ou as adições, tornaram-se formas de nos desresponsabilizar pelo desconforto e angústia que o mal-estar necessariamente traz consigo. certos sintomas são mais adaptativos do que outros, assim como certas modalidades de sofrimento são mais visíveis ou mais intoleráveis que outras. há, portanto, uma política envolvida aqui, sobre como definimos os limites do suportável. há também uma história das formas de sofrimento e dos tipos “ideais” de sintoma, que tentaremos examinar em nossos encontros. o modo de sofrer que gerou o nascimento da psicanálise, há mais de 100 anos, será comparado com as nossas condições atuais e “brasileiras” pelas quais a equação entre mal-estar, sofrimento e sintoma pode ser redesenhada. a importância deste tema não nos leva apenas aos modos de nos reconhecermos em nosso tempo e em nossa época, segundo nossa forma particular de sofrer, mas também nos convida a entender porque uma boa concepção sobre o sofrimento é ao mesmo tempo uma teoria de sua possível transformação: clínica e social.

gravado em maio de 2015.

serie (6): mal estar: sofrimento e sintoma

  • versão para tv | a lógica do condomínio, com vladimir safatle

    são muitas as coisas que nos afetam. afetos que nos movem ou que são capazes de nos paralisar. o mesmo se dá com a sociedade: há um circuito de afetos que transita em todos os níveis da vida social. o filósofo vladimir safatle nos leva a refletir sobre quais afetos tem constituído nossos laços sociais e alerta que temos sido afetados de maneira profunda pelo medo: o medo do outro, do estado… medo que tem levado a nos isolarmos cada vez mais, a viver entre muros e a agir como indivíduos desconectados de uma estrutura maior.
  • versão para tv | sintomas sociais e racionalidade, com nelson da silva jr.

    neste programa o psicanalista nelson da silva jr traz uma análise sobre algumas das principais racionalidades diagnósticas do nosso tempo, e suas implicações. as classificações de transtornos mentais definidas pelo manual de psiquiatria americana – o dsm, já se incorporaram no nosso vocabulário e no nosso cotidiano; e ainda com um agravante – as pessoas se denominam “sou bipolar” ou “sou tdah”, como se fosse parte da sua identidade. nas últimas décadas a medicina, aliada ao grande desenvolvimento da indústria farmacêutica norte americana, trouxe uma forma controversa de enxergar o sofrimento: não se trata mais de buscar as causas, mas de agir sobre os efeitos. medicalizando, administrando. eliminando, cada vez mais, a relação do sofrimento com o contexto histórico de vida e a implicação do sujeito. mas desta forma, de acordo com os psicanalistas, não conseguiremos alcançar o nosso potencial transformador. e estaremos sempre escorregando naquela conhecida “casca de banana”.
  • versão para tv | é preciso ser feliz? com maria lívia tourinho moretto

    viver sob o imperativo de que é preciso ser feliz faz, ironicamente, muita gente infeliz. uma sociedade como a nossa, com ideais de sucesso, beleza e felicidade a todo custo, tem levado as pessoas a sofrer e procurar os divãs dos psicanalistas. a clínica reflete a cultura e revela que muito sofrimento hoje decorre de ideais da nossa cultura transformados em imperativos: seja porque você tem que ser. a obrigação de atingir um ideal gera, entre outras coisas, sensação de fracasso e angústia.
  • íntegra | sintomas sociais e racionalidade diagnóstica, com nelson da silva jr.

    diferentes sentidos, muitos deles incompatíveis entre si, compartilham a mesma expressão « sintomas sociais ». de fato, pode-se encontrá-la tanto em um discurso higienista, marxista, gerencial ou psicanalítico, com significações profundamente heterogêneas. o estabelecimento de fronteiras, e o exame da racionalidade diagnóstica presente em cada um desses usos exige a explicitação de sua compreensão do que é a vida social em seu princípio, isto é, seu posicionamento político.

sobre o cpfl play

aqui você encontrará toda a coleção de vídeos produzida em encontros do instituto cpfl desde 2003. são milhares de horas com os maiores pensadores brasileiros, artistas, convidados internacionais. todo o acesso é gratuito, e o acervo está organizado por temas, coleções, séries, palestrantes, para que você possa navegar pelo conhecimento contemporâneo da melhor maneira possível. bom proveito!