9 vídeos

crise e criação

com curadoria de renato janine ribeiro.

a vida social não está apenas na grande dimensão, mas, às vezes, na meticulosa reinvenção do cotidiano. acreditamos em muitas coisas como óbvias – por exemplo, que o casamento precisa ter sexo, mas não tem – e, neste encontro, os palestrantes se questionam se precisa mesmo. a série investigou as exceções, aquilo que causa problema ou culpa, e perguntou se elas são exceções ou se trazem novas pistas para o mundo.

o módulo questionou não apenas os papéis dos adolescentes como sendo homem (ou mulher) de amanhã, mas os papéis do adulto de depois de amanhã. o que dá sentido para a vida? este sentido não está mais pronto. hoje precisa ser construído a cada passo. a vida certamente era mais fácil quando o sentido chegava pronto, embalado através da religião, escola e família. mas o sofrimento, naquela época, não tinha voz. quem se encaixava sucumbia à afasia social. hoje temos voz. mas temos de compor a vida de cada um de nós como se fosse um quebra-cabeças. o que podemos é, trocando ideias sobre nossas vidas que viraram charadas, socializando as incertezas, ajudar-nos a desenhar melhor nossos enigmáticos autorretratos.

gravado no segundo semestre de 2004.

serie (9): crise e criação

  • versão para tv | casamentos sucessivos, com maria rita kehl

    existe uma situação contraditória quanto o casamento em nossa sociedade. por um lado a igreja católica diz que ele é um sacramento cujo objetivo é a procriação e não o prazer sexual. por outro, a sociedade de consumo traz a idéia de que temos de viver o prazer, experimentar várias experiências e o laço conjugal passa a ser feito pela lei do desejo e do erotismo. com isso, maria rita diz que a nossa sociedade tem a tarefa de propor novos ideais para o casamento e re-simbolizar o que é o laço conjugal.
  • versão para tv | envelhecimento, com paulo gaudêncio

    a expectativa de vida triplicou nos últimos tempos. dependendo da classe social e do país, a longevidade já alcança os 90 anos, podendo passar a 120 dentro de pouco tempo. para gaudêncio, a única forma de não desenvolver um envelhecimento patológico é saber lidar com as mudanças. manter-se jovem implica ter coragem de abandonar os caminhos pré-estabelecidos das relações emocionais e racionais para construir novos rumos.
  • versão para tv | a crise dos gêneros, com ivan capelatto

    A crise do gênero não é uma crise solitária, não é uma questão de ser homem ou ser mulher, o que está em crise é o processo básico de identificação, a formação de um eu, a formação de um ego, a formação de uma crítica pessoal que permita com que no auge da angústia algum de nós possa fazer uma poesia, fazer um quadro, possa se apaixonar. A sociedade contemporânea desistiu de oferecer padrões de identidade psíquica, só oferece padrões de identidade social e é do que nós começamos a viver, de símbolos, o símbolo da roupa, o símbolo do sexo, etc. Com Ivan Capelatto. Gravada em 2 de abril de 2004.
  • versão para tv | o filho e o casamento, com jurandir freire costa

    segundo o médico psicanalista jurandir freire costa, entre os seres humanos há o vínculo biológico que se manifesta através do apego. acrescenta que o segundo vínculo existente é o de parentesco que é dado pelo amor. esse vínculo se dá por meio das ideias e das imagens. no amor aos filhos nós queremos imortalizar nossos valores. jurandir explica que nas sociedades aristocráticas os filhos eram educados para a transmissão da honra e da reputação. dentro de sua análise, criou-se a ideia de que a criança é a coisa mais importante. como nos dias de hoje o casamento tornou-se solúvel, o valor afetivo ao filho passou a mudar. antes ele era o centro da família. agora o valor afetivo se relativizou. outra grande mudança, segundo o palestrante, está na crítica à hierarquização da família. para jurandir, as crianças estão perdendo o sentido de autoridade. hoje se vive de acordo com a moral do espetáculo e do entretenimento. a opinião e compreensão do mundo são mediadas pelos meios de comunicação. para ele, a moral do espetáculo é aquilo que a mídia elege como importante. isso faz com que os adultos percam confiança na própria experiência porque a realidade deles passa a ser a do espetáculo e com isso eles perdem a autoridade diante dos filhos.
  • versão para tv | o filho fora do casamento, com tai castilho

    nas relações de um casal duas culturas se encontram. tai castilho comenta casos de relações onde há o filho fora do casamento e que ainda resistimos a reconhecer os laços que não são cosanguíneos. ela coloca, ainda, que relutamos em reconhecer as famílias chefiadas por mulheres. outro ponto abordado pela psicanalista é que as famílias de baixa renda no brasil, muitas vezes, não dão conta de seus filhos e os abandonam. para ela, essas crianças que estão em abrigos, febem ou mesmo nas ruas, são todas fora do casamento. de acordo com sua análise, a gravidez na adolescência é algo que precisa de atenção. nessas relações adolescentes são gerados muitos filhos fora do casamento. a palestrante questiona: quais são os filhos do casamento? qual casamento é esse?
  • versão para tv | o encontro com o outro, com joel rufino dos santos

    joel rufino aborda o conceito de democracia racial e de cultura universal. diz que na vida, todo tempo, estão nascendo processos culturais autônomos, com relação ao mercado e ao estado, que em um determinado momento são apropriados por eles. esses processos culturais produzem seus intelectuais que inventam, criam, educam. rufino coloca que a democracia, os direitos humanos e a cultura não são universais.
  • versão para tv | a criança em seu mundo, com mário sergio cortella

    mário sergio cortella fala sobre a importância da imaginação infantil, um mundo onde muitas vezes, os adultos não conseguem entrar. mas, segundo o educador, é preciso criar relações mais próximas com as crianças e saber quais são as suas necessidades e desejos para que possamos formar cidadãos conscientes e atuantes. no entanto, estamos sacando o futuro por antecipação, estamos gastando os meios que permitiriam a existência de próximas gerações. e ainda por cima anunciamos às crianças: "não haverá futuro, não haverá meio ambiente, não haverá segurança, não haverá trabalho".
  • versão para tv | o sexo como mito, com eliane robert moraes

    a partir da análise do conto notas antropofágicas e cartas de um sedutor, de hilda hilst, eliane robert moraes comenta que a capacidade da fantasia erótica invade outros espaços, de preferência aqueles que são um oposto da atividade erótica, como é o caso da religião. ainda, segundo sua opinião, a fantasia sexual é dominante, imperialista, colonialista, e coloniza tudo o que está em sua volta. avança sobre áreas não sexuais, erotizando-as. outros autores citados por eliane são sthendal e marquês de sade. para stendhal, o amor é um prazer da imaginação, e para sade, toda felicidade do homem está na imaginação. na concepção de eliane, a máxima do erotismo ocidental é: amo, logo penso ou, amo, logo escrevo.
  • versão para tv | a vida profissional: o workaholic, com scarlett marton

    o workaholic é uma figura que tem compulsão desenfreada pelo trabalho, onde vida pessoal e profissional se confunde. a pessoa vê o mundo e a si própria pela lente do trabalho. marcado pela alienação de si mesmo, o workaholic está sem a posse de sua própria identidade e, portanto, de seus limites. segundo scarlett, a única certeza de que o homem dispõe, do ponto de vista filosófico, é que ele desaparecerá. como suportar a angústia diante dessa finitude? não temos mais controle do nosso próprio tempo. há uma ideologia da mais completa devoção ao trabalho.

sobre o cpfl play

aqui você encontrará toda a coleção de vídeos produzida em encontros do instituto cpfl desde 2003. são milhares de horas com os maiores pensadores brasileiros, artistas, convidados internacionais. todo o acesso é gratuito, e o acervo está organizado por temas, coleções, séries, palestrantes, para que você possa navegar pelo conhecimento contemporâneo da melhor maneira possível. bom proveito!