construção e desconstrução da sexualidade nos tempos pós-modernos

o mundo assistiu, encantado e/ou estarrecido, o advento da pílula, a crescente inserção social/profissional/sexual da mulher, a iniciação sexual cada vez mais precoce, os casamentos protelados pelos hetero e reivindicados pelos homossexuais, o flagelo da aids e a esperança de cura, a revelação da diversidade sexual em sua real e antes inimaginável dimensão, o sexo virtual como forma de ‘sexo protegido”, a monogamia desacreditada, a multiplicidade de parceiros simultâneos ou sequenciais, o aborto, a reprodução assistida, o sexo sem amor e o amor sem sexo… o que conspira a favor da permissividade ao desejo também conspira para a abstinência e a inapetência sexual.

as mulheres como sujeitos de seu próprio prazer, mesmo em tempos de mudanças radicais no universo sexual, despertam polêmicas. liberais e conservadores se enfrentam em torno de questões como a legitimidade do sexo feminino livre, a opção por não constituir uma família tradicional com marido e filhos, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o sexo pelo sexo. a subjetividade feminina, nesse contexto, dá lugar ao pragmatismo e à dissolução do até aqui inabalável padrão da feminilidade. ser mulher e ser homem ganham diferentes paradigmas. a identidade sexual sobrepõe–se ao sexo consignado.

esses novos ordenamentos sexuais são hoje questionados: há quem duvide que eles tragam felicidade por si só e quem acredite que possam ser uma nova fonte de decepção e angústia.

em tempos nos quais os homens se cobram satisfazer sexualmente suas parceiras, os cuidados dispensados à saúde masculina ganham espaço e os remédios que garantem a performance sexual dos homens chegam ao mercado. que opções tem a mulher contemporânea? hormônios, neurotransmissores, influências psicossociais, educação… são aventados como possíveis (mas frágeis) pontos de partida… em contrapartida àquela revolução que há décadas o mundo assistiu.

gravado em junho de 2013.