os avanços tecnológicos recentes tornaram possível a comunicação, em tempo real, a praticamente qualquer ponto do planeta. paradoxalmente, os contatos intrafamiliares vão se tornando cada vez mais escassos. tomando apenas um recorte do panorama vivido especialmente nas classes média e alta da nossa sociedade, podemos trazer como exemplo um comportamento que nos é bem familiar nos dias de hoje: ao chegar da escola, crianças e jovens entram em casa apressados, largando pelo caminho a mochila e outros pertences e dirigem-se incontinentes para o computador ou para a televisão, diante dos quais podem permanecer por horas a fio, alheios a tudo à sua volta. não raro, até as refeições são feitas diante desses aparelhos. por outro lado, as famílias de hoje raramente conseguem se reunir a cada dia para as refeições, perdendo-se aquele momento de encontro e cumplicidade de seus membros.
qual seria o sentido desse “agir sem cessar”, tão característico dessa geração que tem pouco espaço para refletir, para dialogar, para conviver livremente? parece que esse tempo sem programação é vivenciado como tédio, como um vazio insuportável que precisa ser preenchido rapidamente.
neste contexto, o computador parece oferecer a solução mágica, ao proporcionar a sensação de estar acompanhado e no comando da situação angustiante. os pais, por sua vez, perplexos e inseguros diante das mudanças vertiginosas da tecnologia, dos valores e dos costumes, falham frequentamente ao não exercer adequadamente as funções materna e paterna, fundamentais para um desenvolvimento saudável.
gravado em novembro de 2008.
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