O sujeito cerebral: identidade e neurociências | Francisco Ortega
O interesse do tema da identidade é evidente por si mesmo. Sem identidade não há vida pessoal ou coletiva. Do aspecto pessoal, a identidade assegura a integração da biografia do indivíduo; do ponto de vista coletivo, a coesão das culturas ao longo da evolução das sociedades. A psicanálise preocupa-se em explicar a gênese, o funcionamento e a reprodução das identidades pessoais. Desse ângulo, importa discutir dois fatos: primeiro, qual o substrato do que nos torna sujeitos com consciência e sentimento psicológicos; segundo, quais crenças e desejos levam-nos a “querer ou dever ser” melhores, em qualquer sentido da expressão, do que fomos ou somos. A identidade psicológica, portanto, é um condensado de experiências, ordenado por significações ou narrativas postas à disposição dos indivíduos pela cultura. Podem ser míticas, filosóficas, políticas, religiosas, artísticas, científicas etc. Todas são variáveis no tempo. A cada tempo sua identidade. Levando em conta o fator histórico, pretende-se tematizar as mudança nas matrizes tradicionais de construção da identidade. Do final do século XVIII até, aproximadamente, a Segunda Guerra Mundial, o peso das instituições políticas, religiosas e familiares foi decisivo para a formação das identidades psicológicas. Depois, este tripé institucional teve sua força normativa abalada ou contestada por múltiplas agências socioculturais, antes irrelevantes como instâncias doadoras de identidade.
Programa exibido em 2005.
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